Recentemente
tivemos vários casos de preconceito racial envolvendo pessoas que atuam no
futebol profissional. Teve um caso aqui no Rio Grande do Sul que alcançou
grande repercussão. Foi o caso do árbitro Márcio Chagas, em cujo carro,
estacionado no estádio do Clube Esportivo de Bento Gonçalves, onde ele apitava
um jogo, foram colocadas bananas e a lataria do veículo amassada. Dias depois ele,
juntamente, com o jogador Tinga, do Cruzeiro de Belo Horizonte, também vítima
de racismo, foram recebidos pela Presidência da República.
Em
julgamento de recurso do Clube, no dia 10/04, no Tribunal de Justiça
Desportiva/RS, frente às palavras do advogado de defesa do clube, Márcio Chagas,
segundo o jornal ZH de 13/04/14, teria dito a seu advogado “Minha vontade é levantar daqui e
dar um soco na cara dele”.
Fico
a imaginar a dor deste homem! Pois, qualquer discriminação dói, e como dói.
Qualquer palavra dita que coloque a versão da vítima em dúvida, com toda
certeza, machuca e machuca muito. Machuca no fundo da alma.
No
caso das bananas no carro do árbitro Márcio Chagas, longe dos seus olhos e fora
do seu controle, isto deve ter sido muito difícil de engolir.
Por
outro lado, assistindo ao jogo de futebol (Internacional versus Grêmio) que ele
apitou no último domingo em Caxias do Sul, eu fico a me perguntar quão terrível deve ter sido aos sentimentos
do Sr. Márcio Chagas ver o jogador D'Alessandro apontando o dedo indicador para
seu rosto três ou quatro vezes, durante o jogo, e ele não poder puni-lo, como
manda a regra, e sequer poder fazer uma reprimenda verbal.
Recentemente
esse atleta declarou que a arbitragem roubava do Internacional, o seu time. O
atleta foi denunciado à justiça Desportiva, e esta o absolveu.
Imaginem
o sentimento do árbitro! Se o Tribunal absolve quem ofendeu a arbitragem como
um todo, como ele, árbitro, isoladamente, vai atrever-se a punir atitudes deste
jogador como revide contra adversário,
dedo em riste no seu rosto, socar a bola no chão inconformado com falta marcada
contra seu time, simular falta,...
Eu, ao longo da minha adolescência, muitas vezes fui
vítima, por ser pobre, de preconceito, de discriminação. Nunca, todavia,
acovardei-me diante dos agressores.
Senhor
Márcio Chagas, tenho-lhe como um cidadão íntegro e que conhece as regras do
futebol mas, a sua atuação no domingo último foi de um apequenamento homérico.
Eu, em décadas, nunca vi algo tão triste, tão lamentável: dedo no seu rosto e dois cartões punitivos nos seus bolsos, e o Senhor nada
fez, aceitou o desrespeito. Que triste! Fico a perguntar o que
é pior, ser vítima de preconceito ou de truculência e, podendo tomar alguma
atitude, não tomá-la?
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