segunda-feira, 26 de setembro de 2011

POR QUE OS SALÁRIOS SÃO BAIXOS?

Se nada daquilo que é exportado pelo Brasil, ou qualquer outro país, em especial qualquer outro país periférico, fosse exportado, certamente encontraria adquirentes internamente, mas sem renda. Logo, se desejamos que as mercadorias mandadas ao exterior sejam consumidas pelo fiel da balança, os excluídos, temos que dar renda a esta gente. Dar renda, não esmola, como os tais bolsa-família e assemelhados, que apenas servem para manter os salários em níveis irrisórios. Dar renda significa dar trabalho honesto e digno para que todos quantos desejarem e tiverem condições físicas possam trabalhar.
Se todos os brasileiros que diariamente estão nas filas do desemprego, aqueles que enfrentam o subemprego, como ambulantes, sacoleiros e estagiários, tivessem um emprego ao qual se dirigir todos os dias, pela irrevogável, embora manipulada, lei da oferta e procura, os salários seriam substancialmente maiores. Não haveria, sequer, a propaganda eleitoreira do salário-mínimo. Não ouviríamos falar tanto da competência dos grandes e megaempresários, os magnatas. Seus feitos passariam longe de qualquer noticiário.
O pleno emprego tem que ser mostrado como sendo utópico, pois com todo mundo trabalhando ninguém teria como acumular fortunas e isto desmascararia muita competência que anda por aí deitando cátedra.
O pleno emprego, diríamos de modo mais apropriado, a plena ocupação produtiva é dita como utópica pois, só assim, é possível a existência de conglomerados empresariais com dezenas e centenas de milhares de empregados espalhados pelo mundo, trabalhando extenuadamente para prover o luxo e a ostentação dos ricos e dos magnatas.
Se o pleno emprego fosse uma realidade os salários seriam significativamente maiores e ninguém quereria ter o ônus de ter milhares de empregados e ao final do mês uma renda semelhante à média dos seus empregados. Aliás, se a todos fosse permitida a oportunidade de terem o sagrado direito de trabalhar, ninguém conseguiria juntar dinheiro suficiente para construir, sequer, uma grande empresa, muito menos, uma megacorporação.
Gostaríamos muito de ver certas figuras que vivem sendo endeusadas na mídia se tivessem que trabalhar para viver e não viver nababescamente com o suor alheio. Gostaríamos muito de ver a competência desta espécie fazendo força e calos nas mãos. Como seria bom ver no calor da produção a sua decantada competência, sem cadeiras especiais e nem ar-condicionado!
Gostaríamos de saber como se sentiriam certos bajuladores trabalhando, por exemplo, recolhendo o lixo do seu local de trabalho, ao invés de terem um pobre coitado ao qual o sistema espoliativo universal não permite melhor sorte, fazendo tal serviço por um salário de fome.
Gostaríamos imensamente que cada habitante explorado deste planeta fosse como o menino da estória infantil de Hans Christian Andersen, As Novas Roupas do Rei, que no meio da multidão era o único que não fora cegado pela propaganda enganosa e assim conseguira ver que o rei de fato estava nu.

Saúde e felicidade.