Em geral os grandes clamores encampados pela mídia e, não raramente,
passados como clamor público, têm
algum interesse oculto. Se oculto, ao menos como regra, escuso.
Já tivemos um clamor desses em prol das privatizações, há cerca de
20 anos, quando era dito que o Brasil
precisava de dinheiro para investir em educação, saúde, segurança, rodovias e
gerar empregos mas, não tinha de onde tirar e tampouco como tomar emprestado.
Ademais o governo era mau gestor, logo, tinha que vender o patrimônio público
para com o dinheiro das vendas fazer aqueles investimentos. Tudo ou quase
tudo de economicamente interessante foi vendido e a educação, a saúde, a
segurança, as rodovias e o desemprego em nada melhoraram. E os pais do clamor?
Silenciaram!
No final dos anos 1990 e início dos anos 2000 houve outro clamor,
desta vez envolvendo o futebol profissional. Tudo que os ‘experts’ da mídia
esportiva bradavam era que a salvação do
futebol do Brasil eram as parcerias com as empresas de ‘marketing’ esportivo.
Depois que um deputado federal sugeriu, lá pelo ano de 2000 ou 2001, que essas
empresas fossem auditadas pela Receita Federal, elas foram embora, e os clubes
parceiros ficaram com as dívidas, alguns experimentaram o rebaixamento. Já se
vão mais de 10 anos e o futebol continua vivo. E os ‘experts’? Sobre o tema
silenciaram, querem distância.
Agora estamos diante de um novo clamor onde os políticos são
atacados.
A corrupção existe desde quando Cabral aqui pisou pela vez primeira,
logo, não pode ser esta a verdadeira motivação de tal clamor. Até porque se o erário
for buscar o que é seu de direito, muitos que clamam talvez fiquem em maus lençóis.
O que estaria, então, movendo toda esta gritaria contra os políticos?
Na verdade não é contra os políticos. A forma como falam é a forma
politicamente correta. Isto é, não ficam de mal, ao menos tentam não ficar, com
quem está chefiando o Governo Federal. E é este, senão o único, o principal
alvo de expressões como nenhum político
faz nada pelo povo. E nisto não há nada de original, em outras épocas o
mesmo expediente já foi utilizado.
Mas, por que toda esta pressão contra o Governo Federal chefiado
pelo PT?
Não é difícil entender. Afinal, foi a partir de quando este partido
assumiu a chefia do Governo Federal em 2003, que ocorreram algumas pequenas
grandes, embora não destacadas pela mídia, mudanças no rumo da economia do
Brasil.
Uma das primeiras contrariedades da elitocracia brasileira com o
Governo Lula em 2003 foi quando foram anunciados os valores de custeio da safra
agrícola do período seguinte. Embora
ainda tivesse ficado muito aquém do valor destinado ao chamado agronegócio, o
valor destinado para o financiamento da agricultura familiar, percentualmente,
aumentou muito mais do que aquele.
Hoje a agricultura familiar responde por cerca de 70% daquilo que alimenta
a nós brasileiros, embora os valores do financiamento público a ela destinados
não devam chegar a 1/3 do dinheiro destinado aos grandes produtores rurais.
Na mesma linha foram criadas condições para a geração de
oportunidades de trabalho. Tanto que o desemprego no Brasil está na casa de 6 a
7%. Antes de 2003, não raro, batia na casa dos 15%. Na região metropolitana de
Porto Alegre, por exemplo, de 1994 (ano de lançamento do plano real) até 2002,
o número de desempregados girava em torno de 300 mil. Hoje está abaixo da
metade disto.
O desemprego abaixo de 5% coloca a existência do capitalismo na
forma que o conhecemos em risco. Por isto, para os senhores
capitalistas, urge reverter tal situação! Como? Colocando alguém vinculado a
eles no Planalto!
Historicamente, as classes trabalhadoras pleiteavam um salário
mínimo de 100 dólares. Hoje ele está na casa dos 300 dólares, o que, smj,
significa cerca de 5 vezes o valor da época do lançamento do plano real.
Hoje os bancos públicos do Brasil também atendem aos pequenos
empreendedores, diferentemente de ontem, quando a elitocracia, os donos do
grande poder econômico eram os verdadeiros e únicos donos das chaves do erário.
Isto, por si só, explica, senão no todo, grande parte deste clamor.
Tudo indica que a economia nacional se manterá, apesar do baixo
crescimento do PIB, justamente por que agora ela está um pouquinho menos
voltada aos chamados grandes empreendedores. E este pouquinho está virado para
os pequenos empreendedores. O que faz toda a diferença!
A economia brasileira está experimentando uma mudança estrutural e
isto, por óbvio, revolta aqueles que estavam acostumados a ditarem, unicamente
conforme os seus interesses, as regras do jogo. Estão tão aflitos com isto que
estão apostando suas fichas, até mesmo, num candidato do Partido Socialista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário