segunda-feira, 15 de novembro de 2010

SEMEANDO DIVERGÊNCIAS

O ser humano, como regra, é movido a motivações e interesses. É algo natural e perfeitamente compreensível e aceitável.

Não podemos, no entanto, ignorar o conjunto de interesses antagônicos, estimulados ou não, e as manipulações feitas, normalmente pelos poderosos, para impor determinada condição que beneficiará os seus interesses.

No Brasil, em particular, quando as grandes empresas, especialmente, as multinacionais, começaram a se instalar ao redor das cidades, foi veiculada farta propaganda estimulando o êxodo rural, isto é, a ida dos colonos (pequenos e, normalmente, sem perspectivas no campo) para as cidades.

Fácil de entender: tais corporações precisavam de mão de obra. Ela já existia de sobra nas cidades. Mas, era necessária fartura de mão de obra, só assim haveria grande excedente. Grande excedente de qualquer mercadoria, inevitavelmente, reduz significativamente seu preço. Com a mão de obra não é diferente. Grande excedente de mão de obra é igual a grande desemprego, o que resulta em baixíssimos salários.

À época era comum ouvir-se colonos dizendo que era melhor um salário-mínimo na cidade do que uma safra duvidosa.

Esta é uma das grandes ou a principal causa do rápido crescimento das favelas nos últimos 50 anos no Brasil.

Bem, essa manipulação visava pagar salários vis, com o claro propósito de concentrar e acumular riqueza nas mãos de pouquíssimos, os mesmos de sempre: os donos do Grande Poder Econômico – GPE.

Esses que manipulam a sociedade toda e impõem, via poder público (políticos e altos funcionários públicos), a sua ideologia, os seus interesses, com leis que lhes são favoráveis e que condenam a população, em geral e sem influências, à mera subserviência.

Hoje é voz corrente que o Brasil precisa investir pesado em educação.

Não discordo disto, como regra geral, porém, não posso deixar de lembrar que neste novo lema está embutida a seguinte ideologia: jogar a culpa do desemprego, dos baixos salários e da miséria nos próprios desempregados, nos assalariados e nos excluídos do mercado. Só assim a verdadeira razão do desemprego e, consequentes, baixos salários e da miséria não vem à tona.

Há muito tempo que eu venho repetindo: caso todas as pessoas fossem PhD em tudo, ainda assim, teríamos, aproximadamente, o mesmo nível de desemprego existente nos tempos modernos no Brasil e no mundo.

A razão é muito simples: o GPE não pode prescindir do desemprego para manter a sua sanha de poder econômico e consequente acumulação de riqueza.

Como desejar que numa estrutura, num sistema assim, as pessoas comuns, fora do GPE, possam ter motivação e interesse suficientes para estudarem e se qualificarem conforme o novo lema recomenda?

Por traz dessa ausência de perspectivas temos os dados que as diferentes pesquisas revelam, como o crescente consumo de bebidas alcoólicas entre os jovens, inclusive entre os estudantes, que cada vez mais cedo se tornam consumidores desta droga, e a violência, também crescente.

Por traz dessa ausência de perspectivas temos, cada vez mais, jovens, inclusive com formação universitária, envolvidos com crimes, seja de discriminação, tráfico de drogas, assaltos, etc.

O que o mundo e o Brasil precisam, realmente, é a criação de mecanismos que propiciem a todos o sagrado direito à oportunidade de trabalho, não necessariamente como empregado de outrem.

Por que isto não é feito?

Pela subserviência a que o poder público (legislativo, executivo e judiciário) é submetido pelo GPE.

Como isto não pode ser declarado, não pode aparecer, o caminho é semear a divergência, de todas as formas, entre as pessoas sem influências, utilizando todos os formadores de opinião (mídia, escolas, igrejas), para que a situação vigente e inteiramente favorável aos donos do GPE, se mantenha inalterada.

Saúde e felicidade.

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