sábado, 12 de março de 2011

O AUTOINTITULADO ANIMAL RACIONAL

Não tenho conhecimento da existência de outros animais, todos denominados de irracionais pelos autointitulados animais racionais, que constroem tantas armadilhas para si mesmos quanto o faz a espécie homo sapiens.

Peguemos o caso do Japão desta semana. Um ser racional, ou que se vale da inteligência emocional, dentro do conceito do psicólogo PhD norte-americano, Daniel Goleman, não permitiria que uma terra tão sujeita a terremotos como o é o Japão fosse tão densamente povoada. Nesta mesma linha, como entender que em terra com elevada frequência de abalos sísmicos se construa uma usina nuclear, com a total conivência de todas as nações do mundo?

Vejamos o caso do Estado de São Paulo, especialmente, da região metropolitana de sua capital. Todos sabem que lá ocorrem grandes e destruidoras inundações no período das chuvas. Como admitir, sob o controle de um animal racional, que existam tantas barragens em local tão densamente povoado? E, pior, que elas não tenham a sua vazão controlada de modo que não haja a necessidade de abrir suas comportas quando a terra já está saturada e não mais absorve água. Eu sei, a alegação foi que tal acorreu para evitar o rompimento das mesmas. Como todos sabem que muita chuva cai neste período, por que os animais racionais responsáveis por tais barragens não se valem da sua racionalidade e controlam o conteúdo de água das mesmas em níveis mínimos antes do início das chuvas e ao longo de todo período chuvoso, de sorte que não corram o risco de se romperem e não seja necessário despejar mais água sobre a população ali residente? Que as encham ao máximo quando o período chuvoso estiver se findando.


Foquemos São Lourenço do Sul/RS. A avalanche de água desta semana nesta cidade, sem que lá tenha chovido, remeteu-me ao que ocorreu no Estado do Sergipe no ano de 2010. Embora, oficialmente, negado, a desgraça daqueles nossos patrícios nordestinos foi provocada pelo rompimento de barragens, até prova em contrário. A região do interior do Município de São Lourenço do Sul, segundo informações que obtive, tem fartura de açudes. Por lá se planta arroz irrigado! Choveu muito, não duvido. Acredito que de fato tenha chovido intensamente, fora do normal mas, sem que houvesse algum fator provocado pela mão gananciosa de algum(uns) animal(ais) racional(ais) custo a crer que aquela avalanche de água teria sido formada apenas com a chuva que caiu, se esta tivesse escoamento natural, sem qualquer obstrução produzida pelo homo sapiens.

Penso que, antes de se exigir das autoridades um melhor equipamento e maiores investimentos nas equipes da Defesa Civil, seria necessário exigir que as autoridades constituídas inspecionassem, metro a metro, toda superfície territorial brasileira, especialmente, onde há aglomerações humanas, para destruírem todas as obstruções que os animais racionais tenham construído em qualquer curso de água. E, obviamente, punir exemplarmente os responsáveis. E, quanto às barragens que servem para abastecer a população e produzir energia elétrica, que se faça em épocas de chuva um manejo inteligente, pois, é melhor haver racionamento de água e energia do que, ano após ano, contarmos o número de seres iguais a nós que morrem por causa destes gerenciamentos que visam apenas e tão-somente o lucro. Se não houver outro jeito que se mudem as pessoas para locais seguros, certamente, o mais indicado e barato.

No caso do Sergipe/2010, São Paulo, todo ano, São Lourenço do Sul/2011 e outros assemelhados, talvez fosse de bom tom que os prejudicados acionassem o Ministério Público para que este averigúe as verdadeiras causas das tragédias de que foram vítimas. Apenas atribuir tais desgraças ao excesso de chuva, para mim, é conversa para fazer boi manso dormir.

Urge que nós, autointitulados, animais racionais paremos de construir arapucas e armadilhas de todo tipo para nós mesmos.

Meus pesares a todos os seres humanos que foram vítimas, especialmente, em tragédias evitáveis, como as referidas aqui.

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