terça-feira, 8 de julho de 2014

Lei MARIA DA PENHA versus GRANDE MÍDIA

            Se a simples retirada parcial da publicidade de supermercados e de lojas de eletrodomésticos da televisão e dos grandes jornais, como ocorreu na Argentina há pouco mais de um ano durante cerca de dois meses, foi capaz de reduzir o consumo dos produtos vendidos por estes estabelecimentos em cerca de 80%, seria demasiado imaginar que outras coisas com grande veiculação em jornais e, especialmente, na tevê têm o mesmo efeito? Isto é, induzir o ser humano a fazer compras desnecessárias, coisas muitas vezes inúteis, que sequer vai usar.


            A mesma grande mídia que noticia amplamente e com grande alarde assassinatos de mulheres e de mulheres sob o manto de medidas protetivas judiciais embasadas na lei Maria da Penha, pouco ou nada fala quando os assassinos são presos e condenados. Ou estes nunca são presos e condenados? Claro que não! E por que, então, isto não merece o mesmo destaque na mídia em geral e na tevê em particular? Seria por que os responsáveis pelas prisões e condenações são funcionários públicos ligados a governos que não têm a simpatia da grande mídia? Ou por que esta lei foi sancionada por político que não tem a simpatia da grande mídia?


            Esta posição da grande mídia é muito parecida com aquela que ela adota com governos que não lhe são totalmente servis. Noticia, por exemplo, com enorme alarido problemas relacionados com serviços públicos de responsabilidade de tais governos mas, omite a solução e o porquê da solução, exceto quando a mesma está relacionada com a denúncia feita por ela. Quando a solução ocorreu estritamente em função da denúncia midiática, com grande destaque, a mídia que fez a denúncia do problema vai ao local e apresenta reportagens e autoelogios aos montes.


            Esta mesma posição está presente quando a grande mídia repercute os números apresentados pelos chamados impostômetros e silencia sobre o sonegômetro dos Auditores da Receita Federal que mostra o tamanho dos impostos não recolhidos ao erário.


            Não raro os profissionais da mídia que se consagram com a apresentação rotineira de tais situações acabam na política, como vereadores, deputados, senadores, governadores, secretários, etc. Aí nada ou quase nada daquilo que professavam e defendiam enquanto denunciantes midiáticos eles fazem.


            Se a publicidade de supermercados e de lojas de eletrodomésticos estimula as compras desnecessárias...


            Se a divulgação de valores levados em assaltos estimula os criminosos para sucessivos atos desta natureza...


            Por que a grande divulgação de assassinatos de mulheres não estimularia novos atentados contra à vida de outras e mais outras mulheres?


            O consumo de bebidas alcoólicas, livremente divulgado na grande mídia, desde há muito sabe-se estar por traz da violência doméstica e de outras violências e crimes. Mas, isto pouco ou nada é repercutido na grande mídia.


            Será que o chamado 4º poder, de fato, não é o 1º? Aquele que, realmente determina aquilo que ele mesmo vai e aquilo que ele mesmo não vai veicular?

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