domingo, 21 de setembro de 2014

DENSIDADE DEMOGRÁFICA II



Os perigos do engarrafamento do trânsito: horas perdidas, estresse, acidentes de trânsito e de trabalho, vidas ceifadas



         A par da questão existencial intrínseca da grande densidade demográfica temos, em função da estrutura econômica que favorece a grande concentração de riqueza, a concentração de indústrias, notadamente, de grandes indústrias, nos chamados distritos industriais, que ficam, em geral, longe, bem longe, de onde moram os trabalhadores. Temos ainda a concentração do comércio em determinadas áreas, tipo, rua ou bairro das autopeças, dos eletrônicos, das confecções, ou nos ‘shopping centers”. Tudo isto obriga a grande maioria das pessoas, seja para trabalharem nessas fábricas e lojas ou para nelas comprarem, a longos descolamentos. 
         Nos últimos 50 anos toda ideologia de desenvolvimento que foi incutida em nossas mentes foi da vantagem do grande, das grandes rodovias, dos super portos, dos polos petroquímicos, das grandes fábricas, das grandes lojas, dos hipermercados, das grandes escolas, dos enormes hospitais, ... tudo que fosse grande, quanto maior melhor, era alardeado como sendo o progresso. Construíram-se gigantescos conjuntos residenciais ... longe, bem longe das fábricas, das escolas, das lojas, dos polos petroquímicos, dos hospitais, e como os consultórios de médicos, em geral, estão próximos deles, também os médicos estão longe da população, e por aí afora.
         Como regra quem tem a necessidade de deslocar-se, dentro desse contexto, são as pessoas, não os veículos. As pessoas buscam, como sempre buscaram, daí o progresso da humanidade, o conforto, a comodidade. Logo, quem pode ir de carro ao trabalho, ao médico, às compras, ... o faz. Mas, também, aumenta a poluição, o engarrafamento do trânsito, o risco de acidentes, o estresse, as doenças, especialmente, as emocionais, daí advém maior violência e desta a crescente criminalidade ... A tudo isto se acresce a despreocupada e destrutiva programação televisiva, desde os programas infantis.
         Caldo mais que perfeito para o quadro caótico existente e que, na nossa opinião, só tende a piorar. Os investimentos em segurança, por certo, por maiores que sejam, não resolverão a questão da falta de espaço e dos demorados e tediosos deslocamentos a que todos estamos sujeitos. Assim, continuaremos a produzir perturbados emocionais, pessoas estressadas, emocionalmente afetadas, potencialmente violentas, ... daí assistirmos tantas e tantas vezes, frente a crimes, a estupefação daqueles que conheciam o acusado, o réu. Essa vida de tempo perdido e propícia a perturbar e adoecer nossas mentes, seguramente, está por trás de tantas e tantas pessoas sem projetos de vida, pessoas desiludidas, pessoas que vivem por viver. Daí cada vez em maior número, em mais tenra idade e em maior volume o consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas. Daí para a violência e à criminalidade o caminho é muito curto ... não tem congestionamento de trânsito.
         Quando incutiram em nossas mentes as vantagens do grande ... só não nos disseram que o grande favorecia a grande acumulação de riqueza por poucos e a grande exploração da maioria absoluta de nós. Não nos contaram que nós pagaríamos essa conta. Que conta salgada!
         Pesquisa feita nos EUA, há alguns anos, com egressos da Universidade de Harvard, apontou que após alguns anos de formados um percentual muito pequeno – ao redor de cinco – deles era profissionalmente bem sucedida. Os demais tentavam sobreviver em meio ao sistema democrático, capitalista e espoliativo que domina, não só aquele país, como o mundo em geral. E isto ocorre com fartura de propaganda, imensa lavagem cerebral, como a que nós brasileiros fomos expostos nos últimos 50 anos, a do grande.
         A maior concentração de pessoas, intra e extra domicílio, também expõe as pessoas mais a doenças, como as infecto contagiosas, e à mortalidade infantil.
         Se olharmos o crescimento populacional nos níveis em que ele vem ocorrendo chegaremos a um tempo em que não haverá, sequer, espaço para cultivarmos e produzirmos os nossos alimentos.
         Se formos mais longe um pouco ... nem espaço para abrigar a todos ...
         Por que, então, não anteciparmos e estabelecermos regras mais humanas, mais adequadas à normalidade da vida de um ser humano?
         Isto, a nosso ver, passa, obrigatoriamente, por:
         1) priorizar a vida das pessoas, com controle inteligente das proles, o que inclui dar a possibilidade legal de não deixar nascer os filhos não desejados, e legalização da eutanásia;
2) fim da ideologia do grande, implantando condições para que a grande massa da população tenha que se deslocar em distâncias pequenas para as coisas básicas como trabalhar, comprar, vender, estudar, ir ao médico, ir ao banco;
3) regras claras e válidas para todos de modo indistinto, seja, na confecção das leis, seja na sua aplicação;
4) mídia cumprindo sua missão social, veiculando apenas fatos verdadeiros, sem plantar notícias, sem aumentar ou torcer os acontecimentos conforme sua vontade ou a deste ou daquele patrocinador, sem veicular publicidade enganosa nem de gêneros de primeira necessidade, sem outros interesses que não os da informação, do entretenimento, da educação, do saber e da cultura.

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